domingo, 16 de maio de 2010

E o primeiro ciclo inicia...

foto: Bibiana M. Kasper



Eu sou aquele que está de saída
[Carlos Magno: novas políticas da imagem]
por Cezar Migliorin


Os vídeos de Carlos Magno são marcados por uma necessidade, por uma impossibilidade de não fazê-los. Esta necessidade começa nos vídeos feitos em VHS, com edição de vídeo para vídeo e parece se acentuar com o passar do tempo, apesar de seus trabalhos serem hoje elaborados tecnicamente e finamente acabados, com precisas escolhas de tipos, grafismos e cores. Em vários de seus filmes vemos a presença de seu filho - Bruno Ivas de Oliveira - e podemos acompanhar o crescimento de Bruno percebendo que é a própria relação que passa pela produção destas imagens – como em outra famílias a relação passa por uma bola de futebol. A necessidade destes trabalhos passa por esta relação.


Hoje 16 de maio iniciou-se o Ciclo de Cinema de Porto Alegre, com a ilustre presença do cineasta mineiro CarlosMagno Rodrigues. O bacana dessa sessão foi poder acompanhar o desenvolvimento da obra do cineasta que foi escolhida a dedo por ele de 2003 (o ínicio de sua carreira) até seu último filme 1976, e o inter-ligamento desses curtas em linguagem, símbolos e as próprias imagens recicladas e reutilizadas.
Para quem ainda não conhecia CarlosMagno foi uma chance de conhece-lo quase tão quão pessoalmente, mesmo que sua presença física não se pudesse estar presente, um vídeo caseiro na cozinha do cineasta apresentava cada filme que ia ser visto e junto com isso já conhecíamos sua família, sua casa, suas várias fases, sua estética e seu pensamento.


Carta de CarlosMagno Rodrigues:

“1994, Iniciei meus trabalhos como uma “câmera de tubo”, uma vhs a qual se parecia com uma U-Matic. Era dos Anos 70. A Câmera não continha todos os RGBs preservados, então conseguia gerar uma imagem esverdeada, muito parecida com videotapes dos anos 70.
Trabalhava com povos indígenas e consegui comprar uma câmera PANASONIC. Depois comprei outra câmera com audiodub e insert. Com este equipamento fiz meus primeiros vídeos, entre 1994 e 1999, uma série chamada “VÍDEOS DE ESCUTAR”, pois não possuía um gerador de caracteres e então usava rótulos de vinil como suporte para fichas técnicas . Era uma época na qual registrava minha família e sobretudo meu filho. Em vieram os vídeos da série “EXPERIMENTOS NÃO-LINEARES”, criados em 320x240 pixels. Tinham este formato para conseguir sincronia de áudio-vídeo. Em 2000 adquiri uma placa de captura miro-C130 e mais HDs, então finalizei a série com “América Ctrl+S”, com Dellani Lima.
Em 2000, meus VHSs e minha AG-456 estavam muito danificados, foi uma época em que criei um banco de imagens em vhs e S-VHS que tenho até hoje. Fiz um vídeo chamado “GALÁXIA PERDIDA” uma espécie de protótipo de “IMPRESCINDÍVEIS”. Bruno, meu filho, colocou uma cueca na cabeça e eu lembrei de THX de George Lucas.
Em 2001 criei técnicas de animação “targa-stalker”, foi meu “divisor de águas”, estava cansado de computadores e então com uma câmera SONY D8 DRC-130 fui criando um novo banco de imagens.
Em 2003 inaugurei minhas série “EX-MACHINES”, vídeos criando com a D8 e um Pentium IV com firewire. Daí em diante passei a ter menos frustrações pois dominava todo o processo digitalmente, mas não queria gráficos nem novidades tecnológicas, estava fascinado com a possibilidade de finalizar sons melhores e fazer texturas, escolher cores. Gradualmente fui simplificando os gráficos até chegar a utilização de signos, por ter um computador melhor passei a me preocupar mais com a montagem, com o tempo de seqüências de poucos frames, ou seja, sínteses e naturalismo. Entre 2003 e 2006 fiz vários vídeos nos quais o sujeito foi meu filho,o que trasncorre até hoje. Mas agora em mini-dv e também, tudo muito mudou, pois quando recebi dinheiro para fazer um filme em 35mm estava com mais autonomia econômica.
Então fiz a série interligada à IGRREV, concluída com Sebastião”
(CARLOSMAGNO RODRIGUES)


CARLOSMAGNO BLOG: http://videoartedoriangreen.blogspot.com/

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